Era uma vez marca o início de um discurso narrativo cuja ordem das palavras é sequencial e autogerada por um certo movimento ordenado, pré-ordenado. Na história existe uma série de acontecimentos e é nesta sua interligação de causalidade e de efeito que se apresentam e representam os efeitos mais expressivos da narrativa, já então imaginada, recriada e transformada. Não só por quem a dá a conhecer mas, igualmente, por quem a recebe e, sequencialmente, domina, movimenta e desordena o que uma vez foi, para ser de novo, o que uma vez era e, repetidamente, o deixou de ser, em série.
Um Era o rio, o teu corpo e uma árvore.
Dois A água do rio move-se e tu observas.
Três À sombra de uma árvore, esperas e permaneces.
Quatro Reparas ao longe, bem longe, numa casa, duas e mais.
Cinco Aproximas-te do rio sem deixar a sombra da árvore.
Seis O movimento da água cria uma sequência harmoniosa de sons.
Sete O teu corpo deixa a sombra da árvore e continua seguindo.
Oito Caminhas com a água do rio, uma árvore e uma casa, duas e mais.
Nove Era uma vez o rio, uma árvore e tu que os transformaste.
Susana Vilas-Boas
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