ARCA DE NÃO É

Arca de Não é foi a primeira exposição de minha autoria, a propósito do Dia Mundial da Biodiversidade (22 de maio).

A ideia surgiu, inicialmente, a partir de uma primeira ilustração do rosto de um tigre. Senti que essa ilustração era impactante e que funcionaria perfeitamente num conjunto. No entanto, precisava de algo mais para efetivamente se tornar numa exposição.

Queria fazer algo que fosse além dessa simples ideia e que realmente passasse uma mensagem com a qual me identificasse. A partir do rosto dos animais, surgiu esta componente mais profunda de englobar as questões das alterações climáticas e da sustentabilidade, e passar uma mensagem ao público de que a acção é urgente.

Antes fosse só um dilúvio, mas não é. A sobreexploração de ecossistemas, a poluição e as alterações climáticas levaram a uma queda de 68% da população de espécies de vertebrados entre 1970 e 2016. Tudo em apenas 46 anos.

Arca de Não é é uma narrativa visual que reflete sobre o impacto da ação humana na biodiversidade. Os dez animais ilustrados, cinco com habitat na Península Ibérica, cinco com habitats espalhados pelo mundo, são preenchidos por uma mancha gradualmente crescente que representa a queda da população de cada espécie, alertando para a urgência em tomar ação.

Algo que se pode destacar nesta exposição é o facto das obras originais terem sido corrompidas. Apenas é possível visualizar a ilustração total no caso das reproduções e esta característica foi pensada. A metáfora prende-se na ideia de que, enquanto humanos, atingimos um ponto evolutivo e tecnológico em que podemos criar registos e reproduções de qualquer objeto, mas isso não anula as nossas ações reais, que a este ritmo continuarão a ser prejudiciais para os ecossistemas. E corromper a biodiversidade corrompe também o nosso futuro no planeta.

A venda de cada ilustração original reverterá 10€ para a ANP | WWF Portugal. A venda das suas reproduções, 5€. Disponível na Padaria Águas Furtadas.