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Lugar Marcado: Uma revolução na primeira pessoa @ Rita Salvado

Setembro – os dias ficam mais pequenos, as férias terminam e as salas de cinema começam a ficar compostas. Não é segredo nenhum que o Verão não nos dá grandes obras cinematografias. Mas com o mesmo a chegar ao fim, começam a aproximar-se os cartazes que esperávamos. Esta semana, “O Mordomo” chega às salas de cinema portuguesas, como um chega para lá aos “ligeiros” de verão e um bom início para a época do bom e aconchegante filme de inverno que nos faz pensar.


Lee Daniels ficou conhecido do grande público com “Precious”, mas com “O Mordomo” consegue abordar todas as grandes questões sociológicas de uma nova e interessante forma sem recorrer aos clichés de abuso e exploração a que estamos habituados.

Baseado na história verídica de Eugene Allen, um mordomo que serviu a Casa Branca por mais de 30 anos, esta obra consegue abordar a evolução americana, desde a segregação racial e a luta de direitos civis, através da visão de um homem, e a sua reação perante a mudança eminente. Mais que um filme sobre os direitos civis da comunidade afro-americana, “O Mordomo” reflete, através da experiência pessoal de Cecil Gaines (personagem baseada em Eugene Allen), os diversos problemas e confrontos sociais da época, desde o alcoolismo à Guerra do Vietname.

É uma viagem de toda uma nação, contada através da vida de um homem singular tornando o drama biográfico extremamente relevante e interessante, numa viagem desde a década 20 ao ano de 2008 e à eleição de Barack Obama. A narrativa sobre a luta pelos direitos civis, através de uma personagem que praticamente toda à vida trabalhou num dos centros político do país, torna esta abordagem ao tema diferente e apelativa.

Uma visão íntima dos chefes de estado Norte Americanos e as suas falhas humanas, sejam elas o desejo extremo de mudança ou a incapacidade da mesma. A mudança constante de um país que por vezes não consegue ser acompanhada por muitos.

A banda sonora deste filme ficou a cargo do português Rodrigo Leão. Mais uma obra genial do português que consegue acompanhar magnificamente toda a carga dramática do filme, ao pormenor. Com a magnífica representação de Forest Whitaker, “O Mordomo” é um drama pesado, mas não forçado, divertido, mas acima de tudo um retrato de uma época extremamente recente e a evolução histórica de um país, desde a exploração nos campos de algodão à eleição do primeiro presidente negro.


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