Com base em dois textos de José Rodrigues Miguéis, escolhi alguns versos onde este fala sobre Lisboa e tentei mostrar os seus pensamentos através destas fotografias.
LISBOA
"Lisboa cidade triste e alegre" onde "é proibido apontar"
“Sigo ao longo desta rua da Baixa, no tumulto da gente ociosa que vagueia e da gente apressada que regressa a casa, à hora em que o sol, já ruivo, se despede dos telhados mais altos e flameja no castelo. Vou de nariz no ar, gozando a tépida alegria da minha segurança. Amo a cidade, as ruas alinhadas, o tráfego, o rumor, o formigueiro humano, o clarão eléctrico das montras, o asfalto que a rega deixou polido como um espelho. A cidade sorri nervosamente, e eu respondo-lhe com um sorriso de amor (...)”
“Há horas em que a cidade parece regressar àquele instante inicial de paz e criação: o sol cai a pino sobre a calçada reverberante e os quintalórios adormecidos; calam-se os pregões, há um recolhimento no ar, uma vela vermelha e cautelosa rasteja(...) no esmalte azul do Tejo, um calor voluptuoso irradia dos corações... Presépio, anfiteatro, cais de um destino, plano inclinado por onde há séculos um povo e uma alma parecem escoar-se a caminho de outros mundos e paisagens, do pão amargo sobretudo Lisboa é este rio imenso, este horizonte de apelos sem fim, e não se pode ter nascido aqui, vivido aqui, ou ser-lhe assimilado, sem lhe sofrer o influxo, sem ficar para sempre marcado duma vocação, dum desgarramento e fatalismo, dum anseio de partir e tornar, duma sensual melancolia.”
José Rodrigues Miguéis
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