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Lugar Marcado: A surpresa independente @ Rita Salvado

Uma menina de seis anos, numa comunidade esquecida pelo mundo, embarca numa viagem em descoberta do amor e da coragem. Esta é a base de Bestas do Sul Selvagem, um drama fantasioso, pois afinal trata-se do mundo visto pelos olhos de uma criança.


O filme é baseado na peça de Lucy Alibar que, em conjunto com o realizador Ben Zeitlin, a adaptaram ao grande ecrã. A colaboração dos dois resulta muito bem e, mesmo sem conhecer a peça original, arrisco dizer que juntos conseguiram unir a essência da narrativa com a estética do filme. Apesar disso, tenho de admitir que os momentos mais fantasiosos do filme não convenceram totalmente. Compreendo o seu significado e até concordo com a sua presença na história, mas a meu ver não foram executados da melhor forma.

No entanto, não sei se o mérito é da maravilhosa Quvenzhané Wallis (a mais nova atriz nomeada para os Óscares), do texto soberbo que a acompanha ou da fotografia lindíssima em todo o filme, mas a verdade é que fiquei apaixonada pela pequena Hushpuppy. Desde o primeiro momento no ecrã, onde se questiona sobre o que dizem os corações quando batem, até ao fim da sua viagem, todos os momentos da história da menina nos cativam e emocionam.

Uma mãe ausente, um pai doente e a comunidade onde vive a ser vítima de uma enorme tempestade, levam Hushpuppy à busca de uma figura maternal e, ao mesmo tempo, da coragem necessária para vencer sozinha. A história está rodeada de pequenas mensagens – sejam elas o aquecimento global, as condições de pobreza, ou a negligência parental – e cada uma, de uma forma muito própria e subtil, acaba por influenciar a história da nossa protagonista.

Bestas do Sul Selvagem é a primeira longa-metragem do realizador Ben Zeitlin e chega como o “underdog” na corrida aos Óscares, nomeado para melhor filme, melhor realizador, argumento adaptado e melhor atriz. E enquanto ninguém espera que o filme leve estatuetas para casa, as nomeações foram o suficiente para chamar a atenção do público em geral. Um filme que já passou nos mais conceituados festivais, como Cannes e Sundance, chega agora às salas portuguesas.

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