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Concretizando sonhos @ Rosa Valente

Chego ao aeroporto de Lisboa às quatro da manhã. O primeiro voo, com destino a Paris, parte às 6:00. Tenho ainda pela frente mais dois voos, Atlanta e Asheville, a meia hora de carro de distância do meu destino final.
Feito o check in, sigo para a porta de embarque, após os devidos controlos.
As lojas estão todas fechadas e arrependo-me de não ter tomado um café no bar a seguir ao balcão de check in.
Falta uma hora para o embarque… apesar do sono, a excitação não deixa que este me deite abaixo! Tento ler um pouco mas para isso preciso dos óculos de leitura – e eu não sei onde os guardei. Em vez disso, pego no smartphone e ligo a internet… Estão todos offline – ainda é muito cedo e do outro lado do Atlântico ainda mais. Felizmente há os jogos, terríveis e viciantes – porque estou mesmo “agarradinha” ao Pengle – jogo uns joguitos até gastar todas as vidas e, quase sem dar pelo tempo passar, começam a chamar para embarcar. Ponho-me no fim da fila o que me dá uma desculpa para esticar as pernas um bocadito.
Já no avião, sento-me do lado da janela… abro a cortina e tenho de baixar-me um bocadinho para conseguir ver melhor lá para fora – sinto-me gigante nos meus 178 cm e 95 kg: os joelhos encostados ao banco da frente e com pouco espaço para mover os braços… tenho a certeza de que quem criou os comboios de dois andares que circulam nas linhas de Sintra, Azambuja e Coina de certeza que, ao viajar de avião, se convenceu que estas eram as medidas normalmente aceites para qualquer pessoa! É nesta altura que eu fico aliviada por não ter medidas ainda maiores…
Espero que toda a gente acabe de espremer enormes malinhas de mão nos devidos compartimentos, se sente, aperte o cinto e, após o que parecem longos minutos de espera (até porque os joelhos já estão a queixar-se do aperto), lá descolamos.
Torço-me toda para conseguir ver Lisboa… é tudo tão diferente visto de cima!
Sempre a subir, o avião atravessa as nuvens (com alguma turbulência) até que só se vê céu e um mar de nuvens a perder de vista: um manto azul por cima de um tapete formado por tufos de algodão em diferentes tons de rosa, cinza e branco.
Enquanto me imagino ave (ou anjo) a sobrevoar as nuvens com umas enormes asas de plumas quase tão brancas como sedosas, a contemplar as cores e a extensão enorme de azul até perder de vista, só queria que a janela do Boeing 777 fosse maior e me permitisse desfrutar melhor da vista sem ter de ficar com torcicolo.
E pensar que em miúda este era um dos meus sonhos mais persistentes e inalcançáveis…

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